Todos devíamos ser feirantes uma vez na vida
Ecos do Professor Oscópio
O Movimento Oceans-On® de 19 de novembro até 4 de dezembro percorreu três Feiras na ilha do Faial (Açores): Feira nas Florinhas, Eco Vila Natal e Feira de Artesanato – Faial Ilha Natal.
Historicamente a guerra cessava no recinto de algumas feiras para que as trocas pudessem acontecer. Mas o que se troca numa feira? De um modo, profundo ou simplista e que depende de cada perspetiva, trocam-se acima de tudo afetos. Existem aqueles que passam pela feira, mas a feira não passa por eles. É o triste encontro dos formados deformados. Regateiam até a alma humana. Mas não é disso que quero falar, até porque esses não permanecem na memória da feira e vivem entre “pechinchas”.
A rede social na feira foi sempre a voz humana e o movimento entre a fala e a escuta, o espaço que cresce no coração do feirante. Custa levar sacos e mais sacos, mas no levar leva-se também a esperança. No trazer de volta, compreende-se o porquê do pregão (o anúncio proferido em voz alta). Qualquer coisa na nossa comunicação é colocada em causa e posta a frio, à prova. E as perguntas ficam: Como poderemos fazer melhor para a próxima? Como poderemos conhecer e visitar melhor o lugar do outro? Como poderemos fazer melhor a troca? Não há muitos trabalhos que terminam e comecem com estas perguntas.
As Feiras de Natal, não são só Feiras de Natal, são em si e também o natal. Um natal que vai além da religiosidade de cada qual, mas que começa na humanidade de cada um. Numa feira, o natal (nascimento) contém a possibilidade de nascer de novo, de fazer de novo, de humildade e de encontro. E nesse encontro é impossível esquecer as infâncias, os sorrisos, os sonhos meninos e o tempo que costura, planta e ou coze o que se encontra na feira.
Há um aroma e um colorido específico em cada Feira de Natal, mas todas elas contêm também um misto de itinerância e de liberdade de quem a faz e de quem a visita. Acresce uma generosidade enorme, uma entre ajuda que se expande à cumplicidade e fica para a vida, em jeito simples de “até breve”.
Beijinhos e Salpicos para crescer!
Carla de la Cerda Gomes